Cadeirantes enfrentam dificuldade de locomoção em Nova Andradina
Adão Lourenço de Melo, de 63 anos, procurou o presidente da Câmara Municipal, Newton Luiz de Oliveira, o Nenão, para relatar a dificuldade de boa parte dos deficientes. Calçadas esburacadas, falta de guias rebaixadas e locais que não possuem sinalização adequada são alguns dos problemas enfrentados diariamente.
Sr. Adão é cadeirante há 19 anos. Desde então, a rotina dele ficou mais difícil. As modificações começaram dentro de casa, porém, é da porta para fora, onde as adaptações estão longe do seu alcance, que a situação fica realmente complicada. Ao sair de casa, os obstáculos começam já nas calçadas, esburacadas, com grandes desníveis, e sem rampas que facilitem a travessia das vias públicas. Além das dificuldades de infraestrutura, o desrespeito das pessoas piora a maratona do cadeirante que, muitas vezes, precisa andar pelo meio da rua por causa de cadeiras e carros que dominam as calçadas.
Há pouco mais de 3 anos, ele ganhou mais mobilidade com a aquisição de um triciclo. Porém, em muitos momentos sofre para se locomover já que muitos estabelecimentos comerciais, e mesmo públicos, ainda desrespeitam as normas de adequação dos serviços de acesso a cadeirantes ou pessoas com dificuldade de locomoção.
Para o aposentado, a demarcação das ruas e mudanças no sentido do trânsito implantadas recentemente, pioraram a situação dos deficientes. Ele conta que devido as suas limitações físicas, diariamente encontra barreiras para executar tarefas do cotidiano, como ir a um banco ou lotérica, um mercado e até em algumas repartições públicas. Além disso, ele enfrenta a concorrência dos veículos e motos, que estacionam defronte as vias rebaixadas e impedem a passagem dos cadeirantes.
Outro problema é que as calçadas são irregulares e o deficiente é obrigado a dividir as ruas com os veículos, correndo risco de acidentes. “Na avenida Moura Andrade, existem guias rebaixadas, porém, o desrespeito dos motoristas é muito grande. Já nas vias transversais, o acesso é muito difícil pois as guias praticamente não existem. Nos bairros, então, isso ainda é um sonho muito distante. Eu sou a favor do progresso, da legislação de trânsito, concordo que não podemos andar na contramão, mas os governos também têm que olhar para o deficiente”, reclama.
O vereador Nenão ouviu com atenção os seus apelos e defendeu a necessidade da adoção de mais políticas públicas de inclusão para as pessoas com deficiência e maior intervenção na infraestrutura urbana, que promovam a mobilidade para as pessoas com dificuldade de locomoção.
“A maior deficiência é a de quem não respeita. E a pior barreira é a do preconceito. Contudo, não há dúvidas que temos que investir em políticas para melhorar a qualidade de vida dos deficientes. A lei obriga o governo a observar os critérios técnicos de acessibilidade nos prédios e obras públicos, e isso vem sendo cumprido. No entanto, isso não basta. A lei deve ser cumprida na sua integralidade, isso é respeito e direito de todos os cidadãos”, finaliza Nenão.
A lei
Hoje no Brasil não se têm políticas públicas que promovam o verdadeiro processo de inclusão social dos cerca de 25 milhões de portadores de deficiência física, embora exista a Lei Federal nº. 10.098, de 19 de dezembro de 2000, assinada pelo então presidente da República Fernando Henrique Cardoso. A lei, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a acessibilidade de deficientes físicos, ainda não é corretamente fiscalizada.
Quando falamos em acessibilidade nos referimos às pessoas portadoras de deficiência e a necessidade de condições especiais para que elas possam se locomover de forma independente como: rampas de acesso, elevadores, semáforos sonoros e até piso e caminho tátil.
Fonte: Glaucia C. Piovesan / Assessoria